domingo, 27 de maio de 2012

Brasileiros vencem pista técnica e fraturas por vaga olímpica no BMX

O bicicross brasileiro fará sua estreia em Olimpíadas em Londres 2012. Competindo em uma pista técnica, Squel Stein e Renato Rezende se classificaram na noite de sábado, após o principal dia de disputas no Campeonato Mundial de BMX, em Birmingham, na região central da Inglaterra. O evento se encerrou neste domingo, com o desafio cruiser, tendo atraído 13 mil pessoas em quatro dias.
Entre as atletas brasileiras, Squel ocupava a posição mais baixa no ranking mundial (40º lugar) antes da competição, mas chegou à final e ficou em sexto lugar no campeonato. Líder do ranking latino-americano, Renato já havia conquistado a vaga olímpica nas oitavas de finais, mas não completou a corrida das quartas.
"Desta vez, larguei bem, estava bem posicionado, mas bati quando fui tentar ultrapassar (o francês Sylvain Andre) para a quarta posição", comentou Renato ao Terra na manhã de domingo, mais feliz pela conquista da vaga olímpica do que chateado pelo desfecho da prova. A lista oficial dos países classificados para Londres 2012 será divulgada nesta segunda-feira.
Pista desafiou atletas e construtores
A pista agradou aos atletas do Brasil. A equipe havia criticado a estrutura do Pan de Guadalajara, em outubro passado, após Squel ter sofrido um acidente que causou um início de traumatismo na cervical. "Achei a pista demais. Simples e técnica. Em pista menos técnica, é mais fácil, mais gente anda bem, mesmo quem não é tão técnico, mas é forte. Todo mundo consegue ter força. O talento da técnica, não são todos", observou Renato.
O National Indoor Arena (NIA), lugar que sedia a disputa em Birmingham, não foi escolhido por acaso: é o local de eventos com a maior arena da Europa, comenta Phil Heselwood, gerente de evento do campeonato. Mas a construção da estrutura, que levou sete dias para ficar pronta e será usada apenas para a competição, ofereceu desafios nada comuns.
"Há uma linha férrea sob o prédio. Não podíamos usar nosso método original, porque seria quatro vezes mais pesado do que o chão poderia aguentar. Levou tempo e esforço considerável para desenvolvermos outras maneiras de construir a pista", explicou ao Terra.
São 3 mil toneladas de pó de calcário, que após o evento serão reutilizadas pela prefeitura de Birmingham fazer pistas de bicicleta e passeios nos parques locais, como parte do legado do evento. Para construir as curvas, um sistema de suporte foi criado com 18 toneladas de aço e 50 toneladas de madeira compensada.
150 atendimentos médicos
Cada vez que se ouve o público em coro no NIA fazendo: "Ooooooh...", é porque tem ciclista caído. Uma pista mais técnica causa mais tombos, porque faz os atletas andarem no limite na busca da classificação, explica Renato. Nas quartas-de-finais e na semifinal disputada por Squel, quatro ciclistas tombaram durante cada prova. Quedas e lesões são parte deste esporte radical, dado à intensidade e à velocidade das corridas. Cada atleta que se levanta ou que sai removido com maca recebe aplausos dos espectadores.
Ao total, foram atendidos 150 atletas, dos seis aos 60 anos, estima Chris Jarvis, médico do Union Cycliste Internationale (UCI). Ele ressaltou que o evento reuniu 2,4 mil competidores e houve poucos casos severos. Os mais graves, segundo o médico Andrew Gibson, teriam sido uma fratura do fêmur e um sangramento do baço, provocado pelo guidão ter atingido o abdômen do biker. Nomes dos atletas não são relevados pelas fontes oficiais.
A equipe médica tem o desafio de remover o ciclista caído na pista rapidamente e com segurança, para permitir que as competições continuem. "É típico no BMX ter fraturas de perna, braços, ombros, traumatismo craniano. Não tivemos nada crítico no mundial", comentou Gibson.
"Há cinco anos, os atletas só vestiam uma camiseta. Hoje, têm protetores no peito e nas costas, o que ajuda a reduzir de forma significativa o impacto da queda. No nosso ponto de vista, são problemas múltiplos, mas pequenos e fáceis de lidar. Os ciclistas andam esperando cair. Cubro vários esportes, mas acidentes são parte aceitável do bicicross, de certa forma", complementou.
Fonte: Terra

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