segunda-feira, 12 de dezembro de 2011

Rota Márcia Prado 2011


Pôr do sol na praia: prêmio para quem passou o dia todo pedalando
A chuva não impediu que cerca de 2800 ciclistas descessem de São Paulo a Santos pela Rota Cicloturística Márcia Prado, em 10 de dezembro de 2011. Muita gente veio de outras cidades, de carro ou de ônibus fretado, para fazer a viagem em grupo.  Nem a chuva, nem o barro, nem a espera na Imigrantes tiraram o brilho do passeio!
O evento foi um sucesso e superou todas as expectativas. Márcia Prado ficaria orgulhosa. Parabéns a todos que participaram!

Ciclovia

Logo na entrada da Ciclovia Rio Pinheiros, congestionamento na passarela! Muita gente concentrada ali no início. A pista estava molhada, mas não presenciei nenhum escorregão. É só passar com cuidado nas curvas e não frear de forma brusca no retão.
Uma família de capivaras com vários filhotes chamava bastante atenção dos ciclistas. Uma menina fez menção de pular a grade para passar a mão nos bichos, mas alguém a alertou para o perigo de carrapatos. Sem contar que, com os filhotes, elas poderiam se tornar agressivas. Moram na cidade, mas são bichos do mato, melhor deixá-las em paz.

Grajaú

Havia voluntários do Instituto CicloBR no trecho urbano, orientando quanto ao caminho a tomar. As placas também ajudavam, embora estivessem faltando em algum lugar (talvez tenham sido retiradas por alguém durante a noite). A Av. Belmira Marin é inóspita ao ciclista em alguns pontos, com faixa única em algumas subidas, mas no geral os motoristas estavam respeitando bem.
Logo antes da primeira balsa, um caminhão da Sabesp distribuía água potável. As balsas partiam cheias de bicicletas, que embarcavam antes dos carros. Depois da segunda balsa, começava o trecho de terra. Até a Estrada de Manutenção, os ciclistas pegaram garoa e chuva em vários momentos e o tempo permaneceu fechado.

A terra

No trecho do Bororé havia muito barro, mas não lama. O chão de terra batida continuava duro, embora um pouco escorregadio e cheio de poças.
A terra, um pouco arenosa, sujou muito as bicicletas e fez com que as transmissões não funcionassem muito bem. Alguns ciclistas começaram a ter dificuldade para passar as marchas. Dava para perceber de longe quem não tinha paralamas, pelas costas sujas de barro.
Algumas subidas mais fortes fizeram os ciclistas empurrarem as bicicletas. Mesmo quem tinha pernas para subir pedalando às vezes optava por empurrar, para economizar as energias. Afinal, eram cerca de 100km no total.
A Polícia Rodoviária formava comboios de cerca de quinhentos ciclistas e interditava a Rodovia na altura da interligação por alguns minutos, para que o grupo passasse em segurança. A cena da Imigrantes tomada por centenas de bicicletas vai ficar na memória de todos!

O asfalto

A interligação foi bloqueada pela Polícia Rodoviária para que o enorme grupo de ciclistas pudesse cruzar em segurança.
Chegando na Imigrantes, era necessário esperar formar um grupo grande para que a Polícia Rodoviária deixasse seguir caminho, o que fez com que alguns ciclistas pensassem que a passagem por ali não seria permitida.
Quando havia cerca de 500 ciclistas, a PR interditava a Imigrantes e o acesso que vinha da interligação para que os ciclistas passassem.
Por alguns minutos, a cena era linda: a estrada fechada para os automóveis, com um grupo gigantesco de ciclistas coloridos e felizes cruzando o trecho da interligação.
Quando o último ciclista passava pelo acesso, o fluxo dos automóveis era liberado novamente.
A Polícia Rodoviária está de parabéns. O esquema montado nesse ano foi muito melhor que o do ano passado, quando fizeram os ciclistas darem a volta pela interligação para voltar à Imigrantes por uma estrada secundária, aumentando em muitos quilômetros o percurso.

A Estrada de Manutenção

O visual é indescritível. A estrada em si é linda. Os pilares gigantescos que sustentam a rodovia impressionavam os ciclistas. As cachoeiras foram alvos de muitos cliques. Em alguns pontos, muitos ciclistas paravam.
A estrada estava escorregadia apenas nas laterais, mesmo estando molhada. O importante é não deixar a bicicleta embalar muito nas descidas, para não escorregar na curva que geralmente fica no final.
E os participantes estão de parabéns. Vim praticamente com o último grupo e não vi lixo no chão. Deixamos a estrada como encontramos. Importantíssimo cuidar bem do parque, para que permitam novas descidas!

O comércio

Senso de oportunidade
Lanchonetes, restaurantes, mercadinhos, bares e até barracas de cachorro-quente ficaram cheios de bicicletas na porta. Os ciclistas movimentavam o comércio por onde passavam, conversavam com as pessoas, sorriam e tiravam fotos. As crianças enchiam os ciclistas de perguntas.
De dentro de um carro, um senhor me perguntou sorrindo: “e aí, vão oficializar a rota ou não”? Na Av. Belmira Marin, um cartaz num poste apontava uma bicicletaria. Um bar na Ilha do Bororé tinha um cartaz da Rota colado na parede.
Na praia, restaurantes e quiosques ficaram lotados de bicicletas. Vi duas senhoras moradoras de Santos perguntando se o tal evento era algo na linha do Caminho de Santiago. Acharam lindo ver tantos ciclistas, um pessoal alegre e animado se dispondo a fazer tudo aquilo de bicicleta pra chegar ali. E se surpreenderam quando souberam que eram quase três mil pessoas: “Parabéns, viu? Sejam bem vindos!”
Na rodoviária, por pouco não fiquei sem passagem: as empresas de ônibus achavam que não cabiam muitas bicicletas nos bagageiros e só vendiam passagem para poucos ciclistas por ônibus. Quando perceberam que cabiam cerca de 15 bicicletas, começaram a liberar mais vagas e todo mundo (ou quase) conseguiu embarcar no sábado mesmo. A rodoviária ficou lotada de bicicletas até tarde da noite.
Autoridades que fecham os olhos para as proibições da Ecovias ainda não notaram, mas o evento de 2011 provou que o cicloturismo tem um grande potencial, do qual os comerciantes ao longo do trajeto já têm certeza. Muita gente ainda precisa entender que dentro do cicloturismo, existe turismo.

Mais fotos?? confiram que beleza foi o pedal....

Fonte: Vá de Bike

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