sábado, 5 de maio de 2012

Miramundos - 10º dia - Expedição alcança o Circuito das Águas, última região em Minas


Dupla de ciclistas da Miramundos em subida forte próxima a São Lourenço. Foto: Daniel Ramalho
O clima de montanha tomou conta do ambiente. O sol, que engana, não parece queimar tanto como antes devido ao vento frio do sul de Minas Gerais, onde estamos agora. Nas descidas então, o ar gelado faz arder o nariz. Chegamos na famosa região do Circuito das Águas. Saindo de Cruzília, nossa primeira parada do dia foi Baependi. Lá paramos para visitar a Igreja Matriz, que tem 300 anos de história.
Igreja da Matriz de Baependi reúne os estilos rococó e barroco no mesmo espaço. Foto: Flavio Forner
Construída em 1714 em forma de capela, teve sua ampliação para forma de igreja concluída em 1754. Sua arquitetura chama atenção por misturar no mesmo espaço os estilos rococó e barroco, com adornos em madeira e peças folhadas em ouro.
Rafael Duarte enfrenta longa subida ao Circuito das águas. Foto: Daniel Ramalho
Em Baependi e em outras cidades da região, há uma legião de católicos devotos de Francisca de Paula de Jesus, conhecida como Nhá Chica, mulher de personalidade forte, filha e neta de escravos nascida em 1808, que dedicou sua vida à caridade e que teria empregado milagres. Seu processo de beatificação encontra-se inclusive em tramitação no Vaticano.
Equipe na fila para encher as garrafas com água mineral gaseificada naturalmente em Caxambu. Foto: Daniel Ramalho
O dia de pedal hoje foi mais ameno do que os dias anteriores. Por termos 42km até nosso destino final do trecho até São Lourenço, onde estamos agora, pudemos pedalar em um ritmo mais tranqüilo. Depois de fazer uma breve parada em Baependi, seguimos para Caxambu, cidade conhecida pela sua água mineral que já sai levemente gaseificada direto da fonte, onde fomos abastecer nossas garrafas. Chegando lá, havia uma fila de locais enchendo dezenas de garrafas pet. Aparentemente este é um hábito local, já que a água potável além de gratuita faria bem à saúde. 
Jaime Vilaseca se protege da poeira com lenço. Foto: Daniel Ramalho
Garrafas cheias e estômago também, seguimos para São Lourenço num pedal duro, com três subidas bem difíceis. Para bicicletas e carros. Por sorte o tempo é bom e a estrada está seca. Uma chuva neste trecho da expedição poderia complicar bem as coisas para a equipe. O problema é a poeira. Quando passa um carro ou caminhão, cresce uma nuvem na estrada que em muitas vezes temos que frear a bicicleta além de prender a respiração.
Vista da Estrada Real no trecho a São Lourenço. Foto: Flavio Forner
Chegando em São Lourenço nos deparamos com um ambiente bem diferente das cidades anteriores onde pernoitamos. O fluxo de carros, comércio e pedestres já traz um certo ar de cidade grande para quem há dias só interage com pessoas e cidades de interior, onde a vida é mais pacata. O sotaque mineiro também já está sofrendo mudanças, com o “s” menos esticado e com o “r” mais arrastado – como no interior paulista.
Rafael Duarte (ao fundo) e Jaime Vilaseca em passagem por cidade do Circuito das águas. Foto: Daniel Ramalho
Estamos juntando energia agora para o pedal de amanhã, que deverá ser muito duro. Serão mais de 60km até Passa Quatro, com diversas subidas. Por aqui, aproveitamos o máximo da jornada que está cada vez mais próxima do fim. Apesar do cansaço, estamos bem fisicamente. E sedentos por avançarmos e continuarmos nesta saga pela Estrada Real.
Rafael Duarte pedala no entardecer próximo a Caxambu. Foto: Flavio Forner.
Fonte: O Globo

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