domingo, 26 de fevereiro de 2012

Mountain bike brasileiro cria apertado calendário para buscar vaga em Londres

O Brasil ainda não tem medalha olímpica em sua história no ciclismo. Tampouco a pretensão de conseguir quebrar esse tabu já neste ano. A ambição para os Jogos de Londres é, na verdade, um sonho de quem reconhece não ter tradição na modalidade e assume a supremacia dos países que são potências na área. No intuito de, ao menos, garantir a presença de um representante brasileiro na categoria mountain bike, três atletas terão, a partir do próximo domingo, uma agenda sem brecha para descanso.

Rubens Donizete, Henrique Avancini e Edivando Souza Cruz farão oito provas — quatro delas no exterior — até maio, com o objetivo de atingir a pontuação necessária para a cadeira olímpica. A primeira delas, neste fim de semana, será a Fecha Copa Nacional, na Costa Rica. “Já sabíamos que, para o Brasil conquistar a vaga, era necessário fazer um trabalho mais direcionado e ter um esforço extra nesse início de temporada”, comenta Edivando, 33 anos, acrescentando que, nessa sequência dura, os cuidados com a saúde e a alimentação serão fundamentais para suportar o tranco.

Tanta dedicação tem como alvo deixar a situação do “quase lá”. O Brasil figura hoje na 25ª colocação do ranking mundial por nações da União Ciclística Internacional (UCI), que classifica as 24 primeiras para os Jogos Olímpicos. O problema é que, além de subir um degrau nessa lista, a delegação nacional precisa conseguir afastar outras que se encontram no mesmo andar. “Turquia, Portugal, Dinamarca e Noruega, por exemplo, estão na mesma condição”, enumera Ruy Avancini, pai de Henrique e escolhido pela Confederação Brasileira de Ciclismo (CBC) para chefiar o projeto.

Nessa missão, o ranking também foi o parâmetro de decisão. Os três ciclistas foram selecionados por serem os brasileiros mais bem colocados na classificação internacional. “Os escalados são, no momento, os que apresentam melhores condições de buscar a vaga”, analisa Ruy. Seja qual for o dono do lugar nos Jogos, a expectativa é que ele consiga terminar a competição entre os 15 primeiros. A prova de mountain bike conta com a participação de 50 ciclistas.

Apesar de os oito torneios antes do encerramento da contagem de pontos, em 23 de maio — exatamente dois anos após seu início —, serem capazes de colocar o país nas Olimpíadas, os atletas também vão querer saber qual deles, de fato, embarcará para a Inglaterra. “São dois trabalhos paralelos, já que cada um quer garantir a sua vaga pessoal. O classificado será o que tiver somado uma maior pontuação nessas competições”, explica Edivando, 33º colocado em Atenas-2004.

Sem mulheres na Inglaterra
O mountain bike brasileiro não terá representantes no feminino nos Jogos Olímpicos. Longe da pontuação necessária para classificação, as mulheres já tiveram sua participação descartada. De acordo com a CBC, foi feita uma análise do ranking, e a conclusão foi de que não seria possível melhorar o rendimento em quase 100% em apenas quatro meses. Mesmo que as atletas vencessem todas as competições até maio, ainda assim elas não conseguiriam a vaga.

Largando na frente
No circuito de competições que os atletas enfentarão, o desempenho deles será ainda mais crucial nas de classe 1. Essa categorização indica que, nelas, o campeão fatura 60 pontos. Já nas provas de classe 2, o ouro só vale 30 pontos. “Procuramos torneios de que pudéssemos participar com um custo mais baixo”, justifica Ruy Avancini.

A somatória também é fundamental para definir a formação da largada nas Olimpíadas. “O alinhamento da competição é de acordo com o ranking. Dando um salto na classificação individual, é possível largar mais para a frente, o que aumenta as chances na prova”, avalia Edivando Souza Cruz, que largou mais atrás em Atenas. “Foi uma prova de recuperação. Se eu tiver mais pontos agora, poderei elaborar uma estratégia diferente”, adianta o paulista. Em Pequim-2008, o representante brasileiro foi Rubens Donizete, que terminou na 21ª colocação.

Calendário pré-olímpico
26/2
Fecha Copa Nacional –
Costa Rica (classe 1)
11/3
Taça Brasil – Curitiba (classe 2)
18/3
Medalla Light Challenge –
Porto Rico (classe 1)
25/3
Copa Internacional –
Araxá (classe 1)
08/4
Campeonato Pan-americano – México (classe continental)
22/4
Portugal Cup – Portugal (classe 1)
6/5
Copa Internacional –
São Lourenço (classe 1)
20/5
Taça Brasil –
Rio de Janeiro (classe 2)

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