sexta-feira, 13 de junho de 2014

Alpen Tour Trophy 1ª etapa - 2014

Veja o relato do Avancini....

Quer saber como anda na neve/gelo? Pergunta pra outro porque eu não sei! Rsrs



Hoje foi dia de aprender mais um pouquinho no Alpen Tour Trophy, prova UCI S1 de 4 dias, disputada na Austria.
Já tinha escutado que era dura, muito dura. Mas hoje vi que é pior do que eu pensava. “Só” 59 km, mas com 2900m de ascensão acumulada e condições duras. A prova é disputada, na maioria, por especialistas em maratonas e só alguns pilotos de XCO. 

Gosto de competir nessas provas, porque ao contrário da maioria dos pilotos de xco, eu suporto bem esse tipo de competição e não preciso de muito tempo para me recuperar (obviamente dependendo do quanto eu me empenhar por resultados na prova).


A etapa de hoje, tinha praticamente 2 subidas longas(quase 1hora), 2 descidas longas e 1 subida mais curta(+/-20’),1 descida no final que é num bike park, mais alguns planos entre as serras. Ficar subindo por tanto tempo direto, com esses caras é difícil. O ritmo dos maratonistas não é tão forte, mas é constante. No começo é fácil, depois de 10’ começa a pesar, 20’ você começa a sofrer, 30’ subindo aquilo fica insuportável. É uma qualidade física muito diferente do que é necessário para desempenhar bem em provas de xco. Os caras seguram o ritmo por muito tempo. Com uns 30 minutos de corrida, o pelotão da frente ficou partido. Na frente Leo Paez(COL), Tony Longo (ITA), Roel Paulissen(BEL) e Pernsteiner (AUT) e na perseguição eu, Hans Becking (HOL), Medvedev(RUS), Lukas Bucli (SUI)e um outro russo. 


No final da primeira serra peguei a ponta e comecei a descer na frente. Como sabia que se eu tentasse andar no ritmo dos caras na subida o meu corpo não suportaria, tentei tirar a diferença na descida, pois geralmente os caras não descem no mesmo ritmo de quem corre cross-country olímpico. Depois da primeira longa descida segui junto com o Medvedev, que tem no currículo: medalha em campeonato mundial, título de campeão europeu e já venceu o AlpenTour, o que prova que é um cara que sabe correr bem nesse tipo de terreno. Seguimos juntos e começamos a serra mais dura do dia e tiramos bem a diferença para os líderes. A própria altitude já dificulta bastante. Hoje batemos nos 2000m de altitude...Nos últimos 4km dessa subida, vi que um atleta do grupo líder tinha sobrado. Percebi também que o russo não estava mais segurando o ritmo, então deixei ele e fui na perseguição sozinho. Depois de uma parte muito dura, vi que tinha uma parte do tipo “gelo eterno”- partes de neve/gelo que nunca, ou quase nunca, derretem. Vi os caras descendo da bike e me preparei pra empurrar. 


Olhei pra trás e vi o grupo perseguidor, que tinha aumentado, mas estava longe. Quando comecei a pegar essas partes de neve, que eram várias,tive muita dificuldade. É bem diferente e fica difícil achar a posição certa de empurrar. A bike escorrega muito. 2 caras, Lukas Bucli e Vastaranta (Finlândia) encostaram, passaram e abriram...No topo pegamos umas trilhas de trekking, que são comuns na Europa e são bem difíceis de passar de bike. Na noite anterior choveu muito e nessa parte alguns pequenos córregos cresceram e aquela água, misturada com gelo, a 2000m, foi me travando todo. Resolvi tirar um pouco o pé e esperar o Medevedev que veio com o belga Bart Aernouts (top do cyclo-cross mundial). Andando com eles ficou mais fácil render e ter uma referência nas trilhas. Começamos a descer de novo. Descida cabulosa e eu e o russo soltamos os freios, até que ele tomou um capote na beirada de um penhasco. Diminuí e perguntei se ele estava bem...Ele ficou de pé e resmungou pegando a bike...Então segui em frente, colocando pra baixo. Depois de muito tempo quando peguei uma subida dura sozinho, o meu corpo tinha esfriado e estava muito tenso por ter ficado muito tempo recebendo pancadas nas descidas. Tive uma cãibra, muito forte. Nunca tinha tido uma cãibra por esse motivo e não é uma sensação boa, porque a musculatura não soltava. O belga me pegou e passou a milhão. Depois de um tempinho consegui girar a perna e então fui bem devagar até dar uma circulada no sangue. Peguei um trecho plano, sozinho e fui para a última serra que era mais curta. Fui levando como dava. Por ser uma prova por tempo, é importante administrar para não chegar muito além do limite, mas também cada segundo perdido está contanto.

Consegui cruzar na 8ª colocação e não cheguei muito bem. Foi um dia pesado pra mim e perdi bastante tempo pro vencedor da etapa, Leonardo Paez, que chegou mais de 6’ na minha frente. Geralmente costumo crescer de rendimento em provas por etapa, porque recupero rápido, mas hoje a “paulada” foi forte. Amanhã é um contra-relógio individual. Uma crono-escalada de cerca de 1 hora. 

Vamos ver como vou estar e se consigo melhorar na geral até domingo. Vai depender do empeno, mas vou tentar compartilhar minhas etapas com vocês por aqui.


Faltam 3. Pra cima deles.

Nenhum comentário: